Conheça a história por trás do Núcleo do demônio

Conheça a história por trás do Núcleo do demônio
conheça a história por trás do núcleo do demônio

Além das bombas nucleares que ficaram marcadas na história com os nomes de Little Boy e Fat Man, que foram lançadas no ano de 1945 em Nagasaki e Hiroshima, os Estados Unidos preparava uma terceira bomba, que apesar de não ter sido lançada, entrou para história com o nome de Núcleo do demônio devido aos acidentes radioativos que seu material causou.

Entenda ao longo deste artigo o que é o núcleo do demônio, a história por trás de sua criação e os acidentes que o material causou após ter sido feito e quais foram as características de seu uso.

O que é o Núcleo do demônio?

O núcleo do demônio, ou demon core em inglês, foi uma massa esférica subcrítica criada pelos Estados Unidos no Laboratório de Los Alamos por volta do ano de 1945 para a criação de uma terceira bomba, a Rufus, caso o Japão não se rendesse após os bombardeios em Hiroshima e Nagasaki.

o que e o nucleo do demonio
Fonte/Reprodução: original.

Como a Rufus nunca foi colocada em uso, seu núcleo passou a ser utilizado em testes por cientistas da base entre os anos de 1945 e 1946, período onde ocorreram dois acidentes que fizeram o núcleo do demônio receber este apelido. 

Qual é o conteúdo do núcleo do demônio?

O conteúdo do núcleo do demônio era uma massa esférica composta por plutônio e gálio, com o peso de 6,2 kg e 44,5 mm de diâmetro. O núcleo era bastante similar ao que foi utilizado na bomba Fat Man, que era feita de plutônio-237.

Qual a história por trás do núcleo do demônio?

Após a Rufus não ter sido utilizada, os cientistas de Los Alamos pegaram o núcleo do demônio para a realização de testes para descobrir qual era o ponto limite em que o plutônio entrava em estado supercrítico (ponto de reação em cadeia que causa a explosão), e descobrir formas de torná-la mais eficiente.

Pelo fato do núcleo do demônio ser composto por um material extremamente volátil, muitos cientistas, entre eles o físico Richard Feynman, diziam que trabalhar com o objeto era como fazer cócegas na cauda de um dragão.

Primeiro acidente: Harry Daghlian

Em 21 de agosto de 1945, o cientista Harry Daghlian fazia experimentos com o núcleo do demônio para desenvolver um refletor de nêutrons, para aumentar a eficácia do ponto crítico.

primeiro acidente harry daghlian
Fonte/Reprodução: Wikipedia.

Seu experimento consistia em cercar o núcleo com blocos de tungstênio e carboneto para que os nêutrons dissipados refletissem para o núcleo. Quando seu dispositivo de monitoramento alertou que o núcleo entraria em ponto crítico, Harry correu para remover os blocos, porém ele derrubou acidentalmente o último bloco sobre o núcleo, que emitiu um clarão azul e uma onda de calor na sala.

Harry foi hospitalizado com queimaduras na mão que ele usou para retirar o bloco de cima do núcleo e depois de 25 dias ele acabou morrendo de síndrome de radiação aguda. Harry morreu aos 24 anos com uma dose estimada de 510 rem em seu corpo, considerada a maior dose fatal de radiação que uma pessoa já recebeu.

Segundo acidente: Louis Slotin

Nove meses após o primeiro acidente, o núcleo do demônio fez sua segunda vítima, em 21 de maio de 1946, o físico Louis Slotin e grupo composto por outros sete físicos, foram realizar um experimento semelhante ao de Harry Daghlian, mas utilizando duas metades de uma esfera de berílio.

Para que o experimento funcionasse, as duas partes da esfera não poderiam se fechar completamente, para que o núcleo não se tornasse supercrítico. A maneira correta de fazer isso era utilizando dois blocos para manter as partes separadas, porém Louis possuía o costume de utilizar uma chave de fenda para separar a esfera.

segundo acidente louis slotin
Fonte/Reprodução: Wikipedia.

No entanto, neste dia a chave de fenda escorregou fazendo a esfera se fechar ao redor do objeto, Louis correu para separar as esferas e fazer com que o núcleo não ficasse supercrítico e explodisse.

Segundo as testemunhas. Slotin apenas disse “Então é isso”, logo após de separar as esferas. Slotin morreu nove dias depois do acidente, também por síndrome de radiação aguda, as outras pessoas presentes na sala também receberam doses de radiação, porém em um nível mais baixo, mas um deles teve sequelas neurológicas e os demais tiveram leucemia anos mais tarde.

Características do uso do núcleo do demônio

A principal característica testemunhada em ambos experimentos que causaram os acidentes, foi a emissão de um clarão azul do núcleo do demônio, que surge devido à radiação liberada excitar os átomos presentes no ar, que para se estabilizarem, eles liberam energia em forma de fótons, no qual seu comprimento de onda é azul.

O núcleo do demônio estava previsto para ser utilizado em testes nucleares, cancelados após os acidentes e no fim ele foi derretido ainda no ano de 1946 e utilizado para fabricar uma nova arma, de acordo com dados da base de Los Alamos.

E esta é a trágica história por trás do núcleo do demônio e como ele chegou ao fim, os acontecimentos com o objeto serviram inclusive para a criação de novas regras de segurança para o manuseio de materiais radioativos.

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Wanderson Queiróz

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